Ocupando uma parte do andar térreo da Casa das Onze Janelas, sobrado
em estilo neoclássico português construído em meados do século XVII para
uma residência particular e reformado ainda no mesmo século pelo
arquiteto italiano Antônio José Landi – autor de importantes projetos na
Amazônia durante o período colonial – desde o final de 2002 é
considerado o maior espaço dedicado à arte contemporânea brasileira para
as regiões Norte e Nordeste, fazendo parte do Projeto Feliz Lusitânia,
obra que buscou a revitalização urbana do núcleo histórico da cidade de
Belém. Como o nome diz, a casa tem onze janelas, cinco delas são
ocupadas pelo Boteco, as outras fazem parte do Museu de Arte
Contemporânea. Como a casa data do século XVIII, a equipe do arquiteto
Paulo Chaves, autor e realizador do projeto, mescla o estilo
arquitetônico da época com as necessidades de um restaurante
contemporâneo.
Aliás, uma das características de seus projetos, tornando o local uma
inusitada taverna medieval e ponto obrigatório para quem conhece a
cidade de Belém e freqüenta seus bares e restaurantes. O restaurante de
aproximadamente 350 lugares é composto de três ambientes e mais um
terraço ao ar livre com uma vista sem concorrência da Baía do Guajará,
muito disputado na hora do happy hour. No salão principal e no bar, as
paredes, de taipa de pilão (formigão) conferem ao ambiente um aspecto
medieval, que se complementa com os tocheiros nas paredes entre as
janelas com cortina de voil. A decoração é composta por pinturas e
gravuras que retratam momentos da história do Estado do Pará colonial. É
possível observar ainda, uma vitrine com vestígios arqueológicos
encontrados durante a obra de revitalização da casa, como pedaços de
jarros e garrafas de vidro, faianças, moedas e balas de canhão.
As cadeiras de palhinha, como os botecos do passado, completam o ar
nostálgico e um pequeno tablado de madeira comporta as apresentações
musicais da casa.No bar, totalmente feito com madeira de demolição e
utilizando pedaços dos trilhos da linha do bonde que circulava pelo
local na belle epoque, as mesas tem base em ferro fundido com apoio tipo
pata-de-leão, e uma das paredes em concreto aparente com palavras
grafitadas e sucatas de instrumentos de sopro como decoração.A
iluminação é baixa, quase indireta, colocada diretamente sob os barrotes
aparentes que sustentam o assoalho em madeira de acapu e pau-amarelo do
pavimento superior. Sofás feitos sob-medida em ferro com acabamento
oxidado e estofamento em couro havana tornam os ambientes ainda mais
aconchegantes. O piso, assim como em todo térreo da casa, foi feito com
pedra cariri, lembrando o antigo piso de pedras coloniais.
Além dos ambientes fechados, o Boteco ainda tem uma varanda coberta,
com vista para os jardim posterior da Casa das Onze Janelas, de frente
para a Baía do Guajará. Perto dali, em uma área totalmente ao ar livre,
um terraço com a vista mais concorrida da Baía, de onde podemos apreciar
os painéis do artista plástico português Júlio Pomar retratando os
poetas lisboetas Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa, Manuel Bocage e
Almada Negreiros, doados por instituições portuguesas.
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